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Arquitetos: GOA (Group of Architects)
- Área: 55400 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:In Between, Chen Xi Studio
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Fabricantes: AkzoNobel, Menphis, Mingyue

Descrição enviada pela equipe de projeto. Como diz um provérbio de Suzhou, “A Montanha Shishan (Leão) contempla a Colina Huqiu (Tigre)”, com sua imponente presença voltada para leste, em direção aos cinco picos coroando a Colina Huqiu e a antiga cidade além. A expansão urbana envolveu essa área dentro do centro da cidade, preservando, porém, um pedaço de paisagem no Parque Shishan. Ao redor desse parque, edifícios emblemáticos surgem em harmonia com a natureza. Aninhado ao pé sul da colina, o projeto fica limitado pelo canal ao sul e pela montanha ao norte.
Por estar em um parque público, o local impôs um desafio principal aos arquitetos: criar um espaço tranquilo em um ponto muito visível. Buscando inspiração na arquitetura local, os arquitetos abriram mão de muros fechados. Em vez disso, elevaram todo o conjunto para criar uma separação topográfica que bloqueia as linhas de visão direta do entorno. Essa plataforma elevada abriga as áreas mais públicas dos hotéis Banyan Tree e Angsana. Acima dela, fazendo referência à escala das residências tradicionais do sul da China, o lobby, o restaurante e os quartos estão distribuídos em volumes menores com telhados inclinados. Limitadas a 12 metros de altura, essas estruturas se integram discretamente à paisagem.


Protegido pelo parque ao norte e pela cidade ao sul, o terreno exigiu um layout que harmonizasse essas texturas distintas. Volumes de diferentes comprimentos se alinham de leste a oeste, seguindo o contorno do lago. Ao longo do eixo central, voltado para a Montanha Shishan, abre-se um amplo espaço aberto com áreas como entrada principal, lobby e restaurante. De cada lado, os quartos dos hotéis Banyan Tree e Angsana se estendem, com alturas que decrescem em degraus, configurados conforme as necessidades funcionais e abraçando a topografia da colina.


Jardins Entre as Estruturas
Suzhou é famosa por seus jardins. Na cidade antiga, pátios se escondem em meio ao tecido urbano denso, enquanto pequenas cenas arquitetônicas encantam os jardins. No Parque Shishan, o hotel surge como uma “estrutura dentro do jardim”; mas em sua escala própria, as paisagens entre os prédios o transformam em “jardins dentro da estrutura”. Essa sobreposição em múltiplas escalas dissolve as barreiras entre construção e paisagem. Assim, a relação figura-fundo dos jardins e edifícios — característica clássica de Suzhou — é invertida.



Mantendo uma escala uniforme, as estruturas ganham formas distintas, permitindo que os jardins se formem por meio de recintos. Em vários pátios, a vegetação verde invade os jardins entre os espaços, alcançando a beira da água e conectando cenas em camadas — cada quadro é uma vista. Os arquitetos abstraíram os elementos da paisagem para explorar a modernidade no design, criando pátios tridimensionais que ondulam como colinas. Plataformas se erguem do chão plano formando terraços, enquanto depressões se tornam vales; uma série de “jardins em terraço” e “jardins em vale” interligados gera uma experiência paisagística única.


Reinterpretando a Paisagem Familiar
Inspirados pela cenografia em constante mudança dos jardins de Suzhou, os arquitetos criaram experiências paisagísticas em múltiplas camadas: as áreas públicas, como o salão de festas e a academia, localizadas ao longo do eixo central, ficam ocultas sob a base elevada, permitindo que o lobby acima tenha vista desobstruída para o parque. Os diferentes níveis da plataforma fazem com que a maioria dos quartos tenham vista para a montanha, enquadrando a paisagem distante. Cercados pelos edifícios, os pátios aparecem como espaços centrais enquadrados. Ao mesmo tempo, jardins internos que flanqueiam as vilas oferecem paisagens íntimas, acessíveis, como um primeiro plano cuidadosamente criado.


Os arquitetos expressaram o patrimônio cultural por meio das escolhas materiais. O revestimento em painéis de alumínio com textura de madeira homenageia as tradições chinesas de construção em madeira. Já as janelas em treliça e as paredes de terracota evocam o lema da Arte dos Jardins: “Capturar o refinado, ocultar o vulgar.” Sua semi-transparência, entre paredes sólidas e vidro transparente, filtra a paisagem em uma visão que não é totalmente capturada nem totalmente escondida. Na parte inferior, o revestimento em pedra imita as paredes locais de tijolos; sua textura sóbria contrasta com a leve transparência da parte superior. Ao anoitecer, a fachada se transforma em um pavilhão iluminado por lanternas, onde o equilíbrio dos materiais cria um jogo marcante de luz e sombra.


No pergaminho Quatro Estações da Paisagem, o pintor da dinastia Song, Liu Songnian, retratou uma relação ideal entre arquitetura e natureza na vida dos estudiosos: um retiro com telhado em duas águas sobre uma plataforma à beira da água, contemplando picos distantes. Agora, um hotel resort na interface urbano-natural reinventa essa cena. Os arquitetos buscam um equilíbrio entre a linguagem tradicional e a expressão contemporânea. Onde antigos estudiosos simbolizavam o cosmos infinito dentro de seus espaços íntimos, o projeto amplia e subverte essa tradição: as vistas além da porta permanecem visíveis, mas contidas pelas grades das janelas. Assim, o hóspede mantém proximidade com o mundo enquanto realiza atividades de autoconhecimento, como contemplar o universo.

























